Adote um bandido!
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou noprofessorLFG.com.br
Essa é a campanha lançada pela infeliz jornalista Raquel Sheherazade (SBT), depois que um grupo de bandidos de classe média, no Rio de Janeiro, chamados “Bairro do Flamengo”, prenderam, espancaram e amarraram em um poste um jovem “criminoso” ou “possível criminoso” (O Globo 5/2/14, p. 8). Justificativa: o Estado é omisso, a Justiça é falha e a polícia não funciona. Tudo isso é verdade, mas o Estado democrático de direito não permite a “solução” encontrada: justiça com as próprias mãos! Quem faz isso é um bandido violador do contrato social. Quem se entrega lascivamente à apologia do crime e da violência (da tortura e do linchamento) também é um bandido criminoso (apologia é crime). Se isso é feito pela mídia, trata-se de um pernicioso bandido midiático apologético. Para toda essa bandidagem desavergonhada e mentecapta a criminologia crítica humanista prega a ressocialização, pela ética e pela educação.
A ressocialização desses jovens bandidos de classe média se daria por meio de uma marcha da sensatez, em todo país, quebrando tudo quanto é resistência da elite burguesa estúpida, adepta do capitalismo selvagem, extrativista e colonialista, que é a grande responsável pelo parasitismo escravagista assim como pelo ignorantismo do povo brasileiro (em pleno século 21, 3/4 são analfabetos totais ou funcionais – veja Inaf). A ressocialização desta casta burguesa retrógrada passa pelo ensino do elogiável capitalismo evoluído e distributivo, fundado na educação de qualidade para todos, praticado por Dinamarca, Suécia, Suíça, Holanda, Japão, Coreia do Sul, Noruega, Canadá, Áustria etc.
Quanto aos jovens marginalizados temos que distinguir: os violentos perversos, que representam concreto perigo para a sociedade, só podem ser ressocializados dentro da cadeia, que por sua vez e previamente também precisa ser ressocializada, depois de um arrastão ético em toda sociedade brasileira que, nessa área, encontra-se em estágio avançadíssimo de degeneração moral. Em relação aos jovens não violentos, a solução é a educação de qualidade obrigatória, em período integral e em regime de internação, quando o caso. Nenhuma sociedade moralmente sã admite milhões de crianças abandonadas nas ruas!
E quanto à bela jornalista da bandidagem apologética? Eu proponho dar início à sua proposta e gostaria de adotá-la por uns seis meses para ensinar-lhe ética iluminista, de Montesquieu a Voltaire, de Diderot a Beccaria, de John Locke a Rousseau e por aí vai. O que está faltando para toda essa bandidagem nacional difusa é a emancipação intelectual e moral de que falava Kant, que hoje exige uma revolução (da qual todos deveríamos participar) ética e educacional. Temos que romper radicalmente com nossa tradição colonialista, teocrática, selvagem e parasitária, ou nunca teremos progresso (veja Acemoglu/Robinson). Essa é a solução. O resto que está aí é pura bandidagem.
COMENTÁRIOS
Luis Flavio Gomes é rico, bem sucedido e pode ter o merecido conforto. Agora não é tudo mundo que tem a sorte de viver em condôminio fechado, segurança 24 horas etc.. Quando se tem tudo isso é muito fácil criticar A ou B. Professor, o senhor defensor da liberdade de expressão deveria ao menos respeitar o pensamento da Jornalista e não sugerir que ela volte a estudar para pensar como o senhor pensa.
Claudionei Santa Lucia · Quem mais comentou · Sócio Administrador na empresa Atividades na CSL ASSSESSORIA EMPRESARIAL S/S LTDA.
Não é como ele pensa, e sim como a sociedade deveria pensar, pois quando a sociedade grita bandido bom é bandido morto, ela não lembra que se ausenta na sua participação quando deveria atuar, omite-se e quando ocorre rebeliões entao preocupa-se. Talvez devessemos voltar na idade média e queimá-los em praça pública ou a título de prêmio apresentar as suas cabecas em praca publica.
Sim, esta jornalista que pode sim emitir a sua opiniao, mas por ser pessoa publica ela tem que tomar cuidado, pois tem muita gente ignorante que assiste este telejornal, assim como tem muita gente esclarecida, logo é no mínimo prudente posicionar-se com cautela. Pessoas públicas devem usar a razão e verbaliza-la, pensar podem pensar o que quiserem. (csl)