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(csl) Eu já gostava de Paris, sem conhecê-la, por ouvir falar, por ler, ver imagens, pela imponente e charmosa Torre Eiffel, pelos cafés, em razao dos perfumes que eu amo, sempre amei, sou louco por perfumes. Enfim assistir um filme que apresenta lugares pelos quais acabei de conhecer, em especial ao lado de quem eu amo, me fez ter a certeza que esta cidade é a cidade referência para mim, ou seja, ela é assim como eu esperava, como dizem ela representa algo, já representou para muitas pessoas e pelo jeito sempre representará.
Lógico, não que não exista outros lugares tão lindos e mágicos como Paris, até porque eu não conheço praticamente nada, mas creio que Paris é uma cidade com uma magia indescritível, pois me senti enfeitiçado positivamente quando estive lá.
Este final de semana assisi Meia Noite em Paris. Adorável filme onde o protagonista (Owen Wilson) contracena com a sua bela noiva (Rachel McAdams), que mais dá atençao ao seu amigo (Michael Sheen ), do que a ele que é todo carinhoso com ela e focado com o livro que pretende escrever (seu primeiro romance). Segundo a crítica Michael é um "pseudo intelectual" o que eu assino embaixo, boa descrição para o cidadão, pois não me agrada pessoas que fazem recortes, de sopa de letrinhas querem construir um imagem falsa intelectual, que é efetivamente o que ele demonstra. O Saber não precisa ser exposto voluntariamente, somente quando provocado, do contrário dará um ar de empáfia, ou seja, totalmente desnecessário.
Michael me lembrou EUSTÁQUIO, de outro filme que assisti este final de semana, não no sentido da intelectualidade, mas no sentido de que ele é/foi necessário na trama para ela poder ser desenvolvida, e no caso do EUSTÁQUIO ele foi fundamental (comentários sobre o filme A Viagem do Peregrino da Alvorada em outro post).
Mas é possível perceber que ela gosta dele, mas do jeito dela, sim porque, o grande problema das pessoas é achar que as pessoas tem que gostar de nós do jeito que nós gostamos delas, e as coisas não funcionam assim.
O filme é retratado em dois momentos o atual vivido e o da época mágica onde ele se encontra com pessoas importantes, como o pintor Salvador Dali (saiba mais sobre ele aqui) entre outras pesssoas.
A magia do filme ficou encarregada pela não menos doce e meiga atriz Marion Cotillard, a qual conduziu com leveza todo o "drama". Digo drama porque o protagonista ficou inclinado ao romance ali vivido, contrapondo com a sua situacao na vida real.
Abaixo mais imagens deste maravilhoso filme, o qual indico e vou assistir novamente, bem como a crítica publicada em um site que eu costumo visitar. (csl)
Woody Allen é um cara apaixonado. Por seus filmes, por suas mulheres, pelas cidades em que passa e, mais que tudo, pelo cinema, só isso explica o quanto Meia Noite em Paris é deliciosamente apaixonante.
E talvez seja essa mesma paixão que mova o cineasta novaiorquino a começar seu novo filme deslumbrado pelas belezas da capital francesa, trocando o fundo preto e os créditos iniciais por um verdadeiro tour pela Cidade Luz, como se tivesse a necessidade se redimir da injustiça de não conseguir mostrar tudo aquilo durante seu filme. Ou simplesmente para convidar seu espectador a se apaixonar por aquela cidade como ele parece ter se apaixonado e, consequentemente, seu protagonista.
A bola da vez agora de interpretar a “persona” de Allen é responsabilidade de Owen Wilson, que vive Gil, um roteirista de Hollywood que vai à Paris com a noiva e os sogros e acaba descobrindo uma nova cidade depois das badaladas do início da madrugada. Na verdade, é esse casal que prefere apresentar durante os créditos inicial invés de seu jazz tradicional. Ele romântico, tentando escapar do marasmo artístico dos roteiros descartáveis e escrever seu primeiro romance, inspirado por tudo que Paris representa (e representou), enquanto ela, vivida por Rachel McAdams, prefere não enxergar nada disso, sem conseguir entender qual a obsessão do marido por aquelas cidade (e chuva).
Meia Noite em Paris é então uma história de amor, entre Gil, Allen (e o espectador) e Paris, talvez no sentido figurado, o mais provavelmente não, já que o diretor não se esconde por trás de nenhum simbolismo ou metáfora para levar seu personagem em uma viagem no tempo de volta à Idade de Ouro dessa cidade, durante a década de 20, cheia de escritores, artistas e personalidade que, não sem exagero, deram o ponta-pé inicial para muito do que hoje existe em termos de arte.
Allen então convida seu espectador a participar dessa deliciosa viagem pela boemia da Cidade Luz na companhia dessa grande salada de personagens mais famosos e verdadeiras homenagens que dão uma vida enorme a seu filme e parecem dar as caras como um enorme playground de referências. É impossível não saborear cada linha de diálogo entre Gil e um Ernest Hemingway (Carey Stoll, que na TV é um dos protagonistas da série Lei e Ordem LA) com cara de bêbado suicida, pessimista, galanteador, tétrico e obcecado por sua espingarda de caça.
E Meia Noite em Paris não se esconde porá trás de um lado “pseudo-intelectual”, que nesse caso é irritantemente representado pelo personagem de Michael Sheen (sempre ótimo), amigo de faculdade da noiva de Gil e aparentemente capaz de ser expert em todo e qualquer assunto que exista no mundo. Na realidade Sheen é talvez a mola central dessa artimanha de Allen para criar mais ainda esse protagonista simpático, já que todos a sua volta, aos poucos, se tornam insuportáveis, vazios e céticos, incapazes de viver essas experiências (e se deixarem vivê-las).
É lógico que Allen faz disso um instrumento, uma arma até, contra todos que ainda dão mais valor a uma enciclopédia do que a vontade de viver essas novas experiências. Mais ainda, reafirmando esse “tour mundial” que vem fazendo, saindo de seu habitat em Manhattan, para que seu cinema experimente novos ares, da misteriosa Londres em “Match-Point”, da “caliente” Espanha em “Vicky Christina Barcelona” e agora de toda poesia de Paris.
Assim como seu protagonista (ou o contrário) Allen parece à procura de viver essas experiências e não falar sobre elas como se tivesse lido em um livro, e isso é imprescindível para que “Meia Noite em Paris” seja essa experiência tão apaixonante, já que é fácil se sentir como um companheiro de viagem do diretor nessa viagem.
Mas Allen não se perde nessa paixão, Meia Noite em Paris ainda é, sobretudo, um “filme de Woody Allen”, com um protagonista frágil, pragmáticos, preso em um mundo que parece não aceitá-lo, mas sem medo de deixar suas opiniões ácidas vazarem por esses grandes planos de diálogos. Assim como permite que ele viva essa história de amor fora de época com uma espécie de “musa inspiradora” (a linda Marion Cotillard) de um trio de pintores (Modigliani, Braque e Picasso) com os quais foi amante.
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Por outro lado, essa “viagem no tempo” dá ainda a chance de Allen zombar da cadeira de vinte mil dólares no presente, ao mesmo tempo em que se permite ver um quadro de Matisse sendo vendido por quinhentos francos, esse tipo único de ironia que sempre se perpetua pela filmografia do diretor e acaba sendo uma verdadeira válvula de escape para que ele possa remexer em mais um monte de assuntos pertinentes. Ou você não percebeu que a família da noiva vai, em plena Paris, ver uma comédia descartável de Hollywood, cujos nomes dos atores nem ao menos são lembrados. E talvez seja isso que Allen mais tenta em sua carreira: mostrar que nem tudo precisa ser descartável para fazer sucesso e ser popular.
Infelizmente, uma discussão que Allen talvez perda, já que na maioria das vezes seus filmes ainda acabem caminhando apenas na borda desse sucesso, o que talvez o faça se sentir como seu personagem na divertida conversa com o trio formado por Man Ray, Salvador Dali (um Adrian Brody incrivelmente interessante, como todo resto do elenco) e Luis Buñuel (que depois, em outro momento, ainda ganha “de brinde” o ponto de partida para seu Anjo Exterminador, mesmo sem entender “por que eles não conseguem sair daquele lugar!”), onde a verdade acaba se perdendo de modo surrealista entre significados existências e rinocerontes. Como se mesmo tentando mostrar o que fazer, sempre alguém acabe “lendo demais” algo que é só feito para ser sentido.
É então que se percebe que Meia Noite em Paris não quer ser simbólico, metafórico, surrealista ou cheio de leituras (como eu já citei), mas sim só contar essa história, juntar esses personagens nessa história de amor e, no final das contas, ter a certeza de que o presente sempre parece insuficiente para quem não tem limites para sonhar e às vezes perceber que a única coisa necessária é esse momento de chuva sobre Paris que (realmente) acaba deixando-a muito mais bonita. E essa impressão, só consegue ser passada realmente por um gênio como Woody Allen que, decididamente, é um cara apaixonado, mais que qualquer coisa, pelo cinema.
Fonte: http://www.cinemaqui.com.br/criticas-de-filmes/meia-noite-em-paris
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