.
Claraboia de José Saramago - Um romance publicado ao seu tempo

Quarenta anos se passaram e o autor iniciante já cheio de experiência e aclamado recebe uma notícia de que em uma mudança nas instalações da editora portuguesa eles haviam encontrado um manuscrito do escritor e que estariam interessados em publica-lo. Saramago negou-se à publicação e decidiu que aquele não era o seu tempo e que deixaria a obra a cargo de seus herdeiros para que decidissem o que fazer com ela, e agora após a sua morte o romance é publicado e chama-se Claraboia.
É importante saliente que esse não é um simples romance para os leitores assíduos de José Saramago, agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1998, esse é um contato com sua essência inicial, é ainda mais uma parte importante de onde tudo começou e ter o conhecimento de como era essa primeira visão da literatura do escritor. É ainda mais palpável descobrir o escritor iniciante, que não tinha seu nome divulgado na imprensa, que tinha seus escritos recusados por editoras e um ano após sua morte, famoso e conhecido no mundo todo, descobrir como nem tudo na vida de um grande escritor é feito de coisas fáceis.
Fiquem atentos pois Claraboia, Editora Companhia das Letras, um romance que conta as vivências de moradores de um edifício em uma rua não muito nobre de Portugal, dramas cotidianos vividos por moradores como Lídia, uma belíssima mulher sustentada por um homem misterioso, e Abel, um jovem que procura um sentido para a sua vida, se contrapõe ao árduo cotidiano dos outros moradores; já se encontra nas bancas, então não perca tempo e vá correndo conhecer esse novo “velho” romance de José Saramago.
Leia um trecho do livro Claraboia, romance de José Saramago que chegou nas bancas do Brasil e Portugal esse mês, e foi divulgado pelo jornal Estadão:
"Que mão diabólica, que mão maliciosa, a guiara na escolha daquele livro? E dizer-se que fora escrito para servir a moralidade! Decerto - afirmava o raciocínio frio, quase perdido no torvelinhar das sensações. Porquê, então, esta agitação dos instintos que quebravam algemas e irrompiam na carne? Por que não o lera friamente, sem paixão? Fraqueza - dizia o raciocínio. Desejo - clamavam os instintos sofreados, anos após anos desviados e recalcados como vergonhas. E agora os instintos sobrenadavam, a vontade afundava-se num pego mais negro que a noite e mais fundo que a morte."
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.