My Way - Mars - Gun's... Canções que tocam a minha ALMA (seleção csl)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Afinal, O que é Poesia?

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Poesia – Para Carlos Bousono, (poeta e crítico literário espanhol, 1923) ‘poesia é, antes de tudo, comunicação, efetuada por palavras apenas, de um conteúdo psíquico (afetivo-sensório-conceitual), aceito pelo espírito como um todo, uma síntese” e o definidor explica, ainda, que ‘nesse conteúdo anímico predominará às vezes o sensório, outras vezes o afetivo, outras o conceitual, pois o poeta, ao expressar-se, nunca transmite puros conceitos, quer dizer, nunca transmite conceitos sem mescla de sensorialidade ou sentimentalidade’.

Para o alemão Novalis (Friedrich von Hardenberg, 1772-1801), ‘poesia é a arte de excitar a alma’; para o norte-americano Thomas Stearns Eliot (nascido ‘em 1888, Prêmio Nobel em 1948), ‘toda verdadeira poesia é uma visão de mundo’; e para o inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), ‘poesia são as melhores palavras em sua melhor ordem’. Fundindo esses três conceitos magistrais, obtém-se uma espécie de liga conceitual de elevado teor filosófico-literário, com um enfoque individual, um enfoque social e um enfoque estético da arte poética: ‘poesia é a arte de excitar a alma com uma visão de mundo através das melhores palavras em sua melhor ordem’, uma conceituação ampla e capaz de abranger inclusive as experiências espacialistas do concretismo, do poema-objeto, do poema-práxis, e outras.”

“Para os dicionaristas, em geral, poesia é a obra literária escrita em versos, e na voz popular poesia é às vezes sinônimo de Poema.”

E ele ainda nos remete ao conceito de Poesia pura: “Em oposição aos valores retóricos e oratórios do Romantismo, insurgiram-se os adeptos de uma chamada Poesia pura, proclamando o primado da Música na composição poética e relegando a segundo ou último plano o elemento lógico, a idéia, enfim. Para A. C. Bradley, em seu estudo Poetry for Poetry’s Sake, ‘o grau de pureza de um poema há de ser avaliado na medida em que se torna impossível obter o mesmo efeito poético através de qualquer outra forma verbal que não seja exatamente a dele’ e por isso mesmo ‘a identidade entre forma e fundo só se encontra quando a poesia corresponde à idéia, numa realização poética pura ou quase pura’. Para o Abade Renri Brémond, que aproxima a poesia da prece mística em seu livro La Poésie Pure, ‘a poesia pura é inefável, consistindo naquele extraordinário poder que transforma em coisas poéticas os elementos impuros ou prosaicos’ (que se podem referir em Prosa: pensamentos, imagens, sensações, etc.). Outro estudioso, Robert de Souza, em Un Débat sur Ia Poésie, tenta resumir o pensamento do Abade Brémond em seis itens: ‘1) Todo poema deve suas características poéticas essenciais a uma espécie de realidade unificadora e misteriosa; 2) não basta, nem é necessário, ler poeticamente um poema, para captar-lhe o sentido, uma vez que existe certo encantamento obscuro e independente do significado das palavras; 3) poesia não se pode reduzir a discurso prosaico, pois constitui um meio de expressão que ultrapassa as formas comuns da prosa; 4) poesia é uma espécie de música e ao mesmo tempo não é apenas música, pois age como uma espécie de condutor de corrente pelo qual se transmite a natureza íntima da alma; 5) é a encantação que proporciona a comunicação inconsciente do estado de alma em que se encontra o poeta até o momento em que se manifesta por idéias e sentimentos, momento esse que se revive confusamente lendo o poema; 6) a poesia é uma espécie de magia mística semelhante ao estado de oração’.”

É claro que, embora aprofundado, o estudo se situa nos terrenos da poética e da poemática, mas consolida o sentimento que a Poesia tem aquele algo mais indefinível pelas palavras. Por isso, resolvi pedir aos colaboradores do Banco da Poesia, para marcar os primeiros 365 dias de existência do blog, suas idéias sobre O que é Poesia.  Um registro que ampliará o nosso reconhecimento sobre a sensibilidade dos autores e permanecerá impresso para divagações presentes e futuras. Sei – todos sabemos – que não alcançaremos definições conclusivas: disse-me um pintor de paredes, certa vez, quando tentava explicar-lhe o que é a arte — “Ah, eu já sei! Arte é como o amor, a gente sente, mas não sabe explicar o que é…” E Poesia talvez seja isto mesmo: a gente escreve, diz, palavreia, mas não é capaz de explicar o que é. Ou à Poesia, como toda manifestação artística que provém do sentimento humano, podemos dirigir infinitas definições.

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