Lacoste quer liderar mercado brasileiro
Associada ao público masculino com idade entre 35 e 50 anos, a Lacoste quer mostrar aos brasileiros a diversidade de seu portfólio.
A Lacoste tornou-se conhecida com uma fórmula simples: camisetas polo, disponíveis em dezenas de cores, com o logo do crocodilo no canto superior esquerdo. Mas em 2010 a intenção é diversificar para atrair novos clientes, especialmente no Brasil.
O interesse no mercado brasileiro não é por acaso. Os últimos resultados divulgados pela empresa mostram que o país é um mercado-chave. Enquanto em 2009 o faturamento global da companhia caiu 2%, aqui houve um crescimento de 60%, totalizando R$ 100 milhões.
Linha Red faz parte do plano para alcançar o público jovem.
Essa curva ascendente começou em 2008, quando Michel Lacoste deixou o comando da empresa e trocou a Paramount pela Devanlay no controle das operações dos 110 países onde a marca está presente. Antes, o Brasil não estava nem entre os 20 primeiros em quantidade de vendas. Hoje ocupa o 5º lugar. "Em médio prazo, queremos ser a número 1 entre as marcas de luxo presentes no país", diz Ricardo Palmari, CEO da Devanlay Brasil.
Fonte da juventudeEm seus 25 anos de Brasil, a Lacoste conquistou lugar cativo entre os homens de 35 a 50 anos com alto poder aquisitivo. Agora, está reformulando os catálogos e as butiques para atrair também menores de 20 anos de ambos os sexos, inclusive crianças. "O desafio é ampliar a base de consumidores, especialmente entre os mais jovens, sem perder o cliente tradicional", afirma Palmari.
Assim como a Lacoste, outras marcas têm olhado com atenção para o Brasil. Ano passado, a Levi's lançou sua primeira campanha publicitária totalmente nacional, 90% baseada na internet para atrair os jovens. Em busca da classe média emergente, a Adidas abriu uma loja no Shopping Metrô Itaquera, extremo Leste paulistano.
O olhar atento percebe centenas de crocodilos costurados uns sobre os outros na camiseta exclusiva assinada pelos irmãos Campana.
Com 63 unidades e presença em 350 varejistas no Brasil, o objetivo é terminar 2010 com 100 lojas e 600 parcerias. A empresa busca clientes dispostos a pagar pela qualidade de seus produtos em qualquer região do país. "Não vamos popularizar. Somos uma marca de luxo acessível. Acessibilidade é a palavra", resume Solange Francisco, gerente de marketing da Lacoste no Brasil.
Entre as ações realizadas pela empresa, está a divulgação das peças criadas exclusivamente para mulheres e crianças, e acessórios como cintos, calçados, bolsas, perfumes, óculos e relógios. A linha Red, desenhada para o público jovem, também ganha destaque nos fôlderes e nas lojas da Lacoste.
Outro esforço de aproximação com o brasileiro foi o lançamento de edições limitadas das camisetas polo especiais para colecionadores, assinadas pelos designers Fernando e Humberto Campana. Uma das criações foi uma camiseta inteiramente formada por crocodilos, que você vê na foto ao lado.
Em entrevista à Época NEGÓCIOS em junho de 2008, Michel Lacoste, filho do fundador da grife francesa, já afirmava que o mercado brasileiro era importante para a marca. "O potencial de crescimento aqui é muito grande. As vendas se equivalem às da Argentina, um país muito menor", dizia o presidente do Conselho de Administração da companhia.
“Minha missão é cuidar do crocodilo”
Para Michel Lacoste, filho do fundador da grife francesa do crocodilo, ter profissionais felizes e manter a marca atualizada são o segredo para o crescimento consistente
Por Época NegóciosPrestes a completar 65 anos, Michel Lacoste vive o mundo crocodilo desde que nasceu. Tornou-se o guardião da marca junto com o filho Philippe, o único dos sete que trabalha na empresa. Ex-CEO e atual presidente do Conselho de Administração da companhia, Lacoste se orgulha de comandar a primeira empresa na história da moda a colar a etiqueta do lado de fora da roupa, um claro sinal de confiança na marca. Ele não gosta de falar da vida pessoal. Revela apenas que prefere o esqui-aquático ao tênis, o esporte mais identificado com a Lacoste, e que é apaixonado pelo Brasil. Se somasse todas as semanas que já passou por aqui, seja a trabalho ou a lazer, na casa de Búzios (RJ) ou no apartamento em São Paulo, daria cinco anos, pelas suas contas. Já teve até uma esposa brasileira. Para a foto desta reportagem fez uma exigência: "na rua, onde há sol, onde há alegria".
>>>Leia abaixo o que pensa sobre equipe, gestão e sobre os desafios que enfrentou na tradicional marca francesa de roupas e acessórios.
> Não basta contratar profissionais talentosos. É preciso colocá-los em funções que os deixem felizes e também oferecer a eles todas as condições de trabalho necessárias para que possam dar o melhor para a empresa.
>Talento e integração é a combinação que confere verdadeiro valor a qualquer companhia. Uma empresa só obtém sucesso se consegue formar um bom time.
>O mais importante é saber escutar. Sempre estive ao lado do meu irmão Bernard, que foi presidente executivo da empresa por quatro décadas, até 2006, quando faleceu, ouvindo o que ele tinha a dizer sobre negócios. E também observava seu jeito de trabalhar. Aprendi muito com ele.
>Inovar é combinar os valores de uma marca com os desejos do consumidor jovem. Esse é o nosso desafio.
>Não precisamos mudar tudo de forma radical. Estamos crescendo. A marca praticamente dobrou de tamanho nos últimos oito anos. É sinal de que vamos pelo caminho certo.
>Temos a sorte de ter uma marca tradicional, com anos de história. Mas sem estar envelhecida ou ultrapassada.
>Nossos valores remetem ao esporte e à elegância. Esses valores estão de acordo com a maneira de viver do mundo moderno e, particularmente, do Brasil, onde há cor, sol e juventude.
>Para crescer, decidimos dividir as responsabilidades, como num time. A Lacoste cuida da marca e da imagem. Os parceiros, como a Devanlay, sócia francesa com 35% da Lacoste, pensam na produção e na distribuição.
>O meu trabalho e de todos na empresa é garantir que o crocodilo esteja feliz, bem alimentado. É ele o dono da Lacoste.
>Fabricar em várias partes do mundo foi a melhor forma que encontramos para oferecer aos consumidores produtos de qualidade a um preço razoável.
>Começamos a produção fora da França, há 50 anos. Hoje estamos em todo o mundo. A escolha do Peru para produzir as camisas pólo, maior símbolo da marca, ocorreu em razão de o país ter o melhor algodão do mundo. Assim como a Romênia.
>A troca de parceiro no Brasil é uma questão simples. O maior esforço que precisamos fazer no país hoje é de marketing, distribuição, promoção. E a Paramount, que representou a Lacoste por mais de 25 anos, é uma empresa de qualidade, mas no aspecto industrial.
>O potencial de crescimento aqui é muito grande. As vendas se equivalem às da Argentina, um país muito menor do que o Brasil.
>A sociedade com a Izod, nos Estados Unidos [que levou a uma popularização mal-sucedida da marca, entre 1952 e 1993] é coisa do passado. Somente os mais velhos ainda relacionam a Lacoste à Izod [uma divisão da americana General Mills]. Não há mais nenhum impacto na marca.
>A mudança na presidência executiva ocorreu porque eu precisava começar a preparar a empresa para o futuro. Dois executivos da companhia, um pouco mais velhos do que eu, se aposentam em breve. Era necessário agregar um profissional de alto nível a nossa equipe. [em 1º de abril, assumiu Christophe Chenut, 45 anos, publicitário e ex-CEO do grupo que edita o jornal esportivo L'Equipe].
>Talento e integração é a combinação que confere verdadeiro valor a qualquer companhia. Uma empresa só obtém sucesso se consegue formar um bom time.
>O mais importante é saber escutar. Sempre estive ao lado do meu irmão Bernard, que foi presidente executivo da empresa por quatro décadas, até 2006, quando faleceu, ouvindo o que ele tinha a dizer sobre negócios. E também observava seu jeito de trabalhar. Aprendi muito com ele.
>Inovar é combinar os valores de uma marca com os desejos do consumidor jovem. Esse é o nosso desafio.
>Não precisamos mudar tudo de forma radical. Estamos crescendo. A marca praticamente dobrou de tamanho nos últimos oito anos. É sinal de que vamos pelo caminho certo.
>Temos a sorte de ter uma marca tradicional, com anos de história. Mas sem estar envelhecida ou ultrapassada.
>Nossos valores remetem ao esporte e à elegância. Esses valores estão de acordo com a maneira de viver do mundo moderno e, particularmente, do Brasil, onde há cor, sol e juventude.
>Para crescer, decidimos dividir as responsabilidades, como num time. A Lacoste cuida da marca e da imagem. Os parceiros, como a Devanlay, sócia francesa com 35% da Lacoste, pensam na produção e na distribuição.
>O meu trabalho e de todos na empresa é garantir que o crocodilo esteja feliz, bem alimentado. É ele o dono da Lacoste.
>Fabricar em várias partes do mundo foi a melhor forma que encontramos para oferecer aos consumidores produtos de qualidade a um preço razoável.
>Começamos a produção fora da França, há 50 anos. Hoje estamos em todo o mundo. A escolha do Peru para produzir as camisas pólo, maior símbolo da marca, ocorreu em razão de o país ter o melhor algodão do mundo. Assim como a Romênia.
>A troca de parceiro no Brasil é uma questão simples. O maior esforço que precisamos fazer no país hoje é de marketing, distribuição, promoção. E a Paramount, que representou a Lacoste por mais de 25 anos, é uma empresa de qualidade, mas no aspecto industrial.
>O potencial de crescimento aqui é muito grande. As vendas se equivalem às da Argentina, um país muito menor do que o Brasil.
>A sociedade com a Izod, nos Estados Unidos [que levou a uma popularização mal-sucedida da marca, entre 1952 e 1993] é coisa do passado. Somente os mais velhos ainda relacionam a Lacoste à Izod [uma divisão da americana General Mills]. Não há mais nenhum impacto na marca.
>A mudança na presidência executiva ocorreu porque eu precisava começar a preparar a empresa para o futuro. Dois executivos da companhia, um pouco mais velhos do que eu, se aposentam em breve. Era necessário agregar um profissional de alto nível a nossa equipe. [em 1º de abril, assumiu Christophe Chenut, 45 anos, publicitário e ex-CEO do grupo que edita o jornal esportivo L'Equipe].
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